Maria Inez F. Pedroso

Escritora - Poeta - Contadora de Histórias - Pedagoga

Palavras podem ser luz ou sombra ...
Textos

Perguntar – dimensão fundamental do ser humano
            
(Maria Inez F. Pedroso Pedagoga-    Orientadora Educacional - Mestre em Educação)

Já ouvimos a expressão “são as perguntas que movem o mundo”. Perguntar  e  se lançar na busca das respostas é a raiz  de toda a atividade  do ser humano. Como afirma Juan Alfaro, é preciso que  o perguntar seja “ilimitado”. É fundamental ao homem perguntar, pensar, decidir, agir, desta forma vive  a “experiência de existir”,  de ser ele próprio.   Para perguntar é preciso pensar e duvidar, ver além do óbvio, colocar-se como sujeito atuante e  não “mero espectador da vida”, expressão que ouvi de um aluno quando falávamos a respeito  desse assunto. Pois bem, e como anda a nossa “anteninha” chamada curiosidade que nos possibilita ser algo mais do que mero espectador da vida?

Perguntar supõe a existência do “estranhamento”, “o que isso significa?”, “como acontece?”, “de onde vem?”, entre tantas outras formas de indagações acerca do sentido da existência, da realidade  circundante e do futuro que é uma incógnita, mas que é criado no aqui - agora. A curiosidade é essencial para compreendermos o mundo, ela afina  a percepção, fundamental para aprender. Segundo Piaget,  pesquisador do  desenvolvimento humano, no estágio do desenvolvimento pré-operatório, dos 2 aos 7 anos,  a criança  deseja  uma explicação de tudo, é a fase dos "porquês": : “por que a nuvem não cai?”, “por que os dentes caem?”. Curiosa, pergunta muito e aprende muito.

À medida que cresce, diminui  a curiosidade? Nem sempre. Isso depende da educação, da estimulação que recebe da família e da escola para manter a sede de saber e continuar perguntando  e desvendando  o mundo. Nesse sentido, não posso deixar de me referir  a duas forças que exigem vigilância de pais e educadores:  a televisão  e a internet. A primeira,  chamada de babá eletrônica, é formadora  de hábitos consumistas, são inúmeros os casos de crianças que passam horas e horas assistindo uma programação desvirtuada e transmissora  de valores negativos. As crianças são vítimas da mídia e suas  técnicas agressivas de persuasão com o propósito de formar novos consumistas.  Experimente olhar criticamente a publicidade de produtos voltados ao público infantil e o conteúdo de algumas programações televisivas. Só para termos uma ideia, segundo o Instituto ALANA, “De acordo com o Painel Nacional de Televisores do Ibope 2007, a criança brasileira, entre quatro e 11 anos, passa, em média, 4 horas, 50 minutos e 11 segundos por dia em frente à telinha. Em média, 85,50% das crianças entre 6 e 12 anos assistem à tevê diariamente, segundo a pesquisa da Kiddo's Brasil 2006. Dessas, 90% dizem que gostam muito de assistir à programação televisiva, e 77% afirmam que ficam o tempo que desejam em frente aos televisores”.

A segunda força a que me refiro é a internet.  Não podemos negar o valor da tecnologia, tampouco ignorá-la, são inúmeros os benefícios decorrentes. No entanto, com ela vivemos um problema chamado “cópia”, a facilidade de encontrar trabalhos escolares prontos  ajuda a matar a curiosidade, além de existirem inúmeros sites de conteúdos extremamente negativos ao desenvolvimento ético do ser humano.

Qual a saída? Não existem receitas, mas uma alternativa é a orientação da família desde cedo. Estabelecer alguns limites e incentivar a curiosidade da criança por variados meios, além da TV e internet, como livros, passeios, brincadeiras, jogos de criatividade, entre outros e buscar formar uma consciência crítica e  curiosa. Claro que, para isso, nós adultos temos que sair da acomodação do sofá e da lavagem cerebral do Domingão do Faustão,  exercitar a nossa própria curiosidade e não sermos meros espectadores da vida, mas espectadores críticos, curiosos e perguntadores. E você leitor (a), o que pensa a respeito do assunto que  abordei?
Maria Inez Flores Pedroso
Enviado por Maria Inez Flores Pedroso em 21/04/2011
Alterado em 21/04/2011
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